Ana Cristina Rodrigues é escritora/ historiadora/ tradutora/ editora e mais algumas coisas, além de mãe de um adolescente hiperativo e duas gêmeas recém-chegadas a este mundo louco. Contista com vários trabalhos publicados em antologias no Brasil e no exterior, acabou de escrever um romance sobre um deserto e um cavalo sem nome que ainda procura uma editora.
Ana, você é uma das figuras mais respeitadas da literatura fantástica nacional, e já atuou em praticamente todas as esferas do nosso mercado editorial. Ainda é muito difícil ser mulher nesse meio?
Sou respeitada, é? Sempre bom saber. Está menos difícil, porém ainda é complicado. E deve ser pior para quem está começando agora. Uma vantagem que vejo do momento atual é que somos muitas e estamos começando a aprender a nos unir
De onde veio a ideia para "Tudo Sempre Igual"?
É um spin off de um projeto que tenho publicado (com menos regularidade do que eu gostaria) no Wattpad. Eu queria contar o começo do relacionamento de dois personagens bem diferentes e o começo da música do Chico Buarque ficou na minha cabeça.
Niterói é um lugar inusitado para se deparar com feitiçaria e lincantropismo, mas não tão além assim do possível. Cenários também são, de certa forma, personagens de uma história?
Sim. E foi justamente a vontade de usar Niterói e colocar fantasia numa cidade que tem pouco ou nada a ver com isso que me fez começar o projeto. É sempre interessante tentar ver aquilo que está na nossa frente todos os dias de forma diferente, pensar onde lobisomens se encontrariam, o emprego que uma maga disfarçada teria, onde essas pessoas poderiam se esbarrar.
A literatura nunca se cansa de criaturas como lobisomens e vampiros. Por que ele nos fascinam tanto?
Não dá para errar com os clássicos, né? Nesse caso, eles estão tão entranhados na nossa cultura que facilitam o criar. Você os usa como ponto de contato para situações que causariam estranhamento. Todos conhecemos os lobisomens, mas nunca pensamos em uma Niterói que servisse de habitat para uma matilha deles.
As mulheres vão destruir a fantasia e a ficção científica?
Já estamos destruindo. Para depois reconstruir de forma muito melhor. E do nosso jeito.
Por favor, compartilhe um pouco dos seus demais projetos. No que anda trabalhando?
Além do "Fé cega, faca amolada", o projeto que deu origem ao conto, estou terminando de delinear a continuação do ‘Atlas ageográfico de lugares imaginados", escrevendo microcontos de fada e um novela de FC adolescente, e finalizando uma ficção contemporânea sobre ser mulher, funcionária pública e deslocada na cidade grande.