Karen Alvares conta histórias para o papel há tanto tempo que nem lembra quando começou. Autora da duologia Inverso (2015) e Reverso (2016), de Alameda dos Pesadelos (2014) e organizadora de Piratas (2015), foi também publicada em revistas e antologias, e premiada em concursos literários nacionais. Vive em Santos/SP.
Kanashimi criou uma imagem muito clara de um anime na minha cabeça. Você se inspirou de alguma forma em animes ou mangás para escrevê-lo?
Que ótimo! Era exatamente a imagem que eu gostaria de passar! Gosto muito da cultura pop japonesa e acompanho vários animes e mangás, daí a influência. Na época que escrevi o conto estava fazendo uma maratona insana de “Death Note” no Netflix e com certeza trouxe isso para a história. Todos deveriam ler/assistir “Death Note”!
O conto narra a história de um garoto de ascendência japonesa que vive na cidade de São Paulo. De onde surgiu essa ideia de contexto para a história?
Originalmente, "Kanashimi" foi escrito para um concurso de contos cujo tema era kaijus. Em vista disso (e de, novamente, Death Note), a escolha do protagonista como um garoto de ascendência japonês foi natural, além do fato também de que eu queria um protagonista que saísse da caixinha. Diversidade importa e muito!
É a sua segunda aparição aqui na Trasgo. Primeiro você nos trouxe "Azul", e agora "Kanashimi". Os dois contos são de fantasia urbana, e na última entrevista você citou Stephen King como um dos autores que mais te influenciam. Quem mais compõe essa lista?
Além do maravilhoso mestre do terror, eu citaria John Boyne, cujo estilo diversificado é muito a minha cara, Carlos Ruiz Zafón, que também mistura vários gêneros, algo que adoro fazer, Mario Prata, meu autor nacional favorito, e J. K. Rowling, afinal foi por causa dela que comecei a escrever (na adolescência, escrevia fanfics de Harry Potter).
Como é o seu processo criativo?
Desordenado? Nunca consegui fazer aquelas tabelas e diagramas super elaborados que vejo (e invejo!) alguns escritores fazendo. Tenho um caderninho de ideias no qual vou anotando uma coisa aqui e outra ali, ele é todo colorido e eu vivo fazendo rabiscos malucos nele. Quando tenho uma ideia que acredito valer a pena, somente sento e começo a escrever. Às vezes tenho a impressão de que a história se escreve sozinha e os personagens mandam em mim. Quando termino é aí que, finalmente, vou reler tudo, corrigir os problemas e as pontas soltas.
Você já possui diversas obras publicadas. Nos conte um pouco sobre "Alameda dos Pesadelos" e "Inverso".
Alameda dos Pesadelos foi meu primeiro romance, um livro que mescla terror, suspense e drama. Tenho muito carinho por essa obra; ele surgiu de uma ideia que me perseguiu por anos e que nunca me abandonou. E, quando finalmente o escrevi, os personagens me surpreenderam muito (como eu disse, eles me controlam!), eu não esperava aquele final. Já Inverso, mais recente, é fruto tanto da minha vontade de escrever um livro para adolescentes quanto da minha necessidade de colocar para fora alguns sentimentos que me sufocavam. O livro é um Young Adult que mistura romance e suspense, sobre uma garota que perdeu a mãe e atravessou um espelho fantástico; do outro lado, toda sua vida está ao contrário e, pasmem, sua mãe está viva, só que outras coisas também não são as mesmas – e isso pode não ser tão bom.
No que você está trabalhando no momento? Podemos esperar alguma novidade em breve?
Tenho um projeto novinho saindo pela Editora Draco muito em breve; foi um livro que me diverti muito escrevendo e depois em todo o processo na editora, cheio de referências pop e também para jovens (mas, óbvio, todo mundo pode ler!). Tem um pouco a ver com Inverso e sua continuação, Reverso, mas não posso revelar muito mais que isso. Estou ansiosíssima para o lançamento dele na Bienal e para ver como os leitores vão recebê-lo! No mais, estou trabalhando em um livro novo a pedido dos leitores, este adulto e de terror, que contará a história do Cirurgião, personagem marcante no conto "Ninguém", também da Draco, que está disponível para baixar gratuitamente.
Eu ainda não era parte da equipe da revista quando li seu conto "Azul", mas foi ele que me conquistou como leitor antes de eu me tornar membro dessa publicação mágica que só me trouxe alegria. Então acho que te devo um agradecimento ;D obrigado! Existe alguma mensagem que você queira deixar para os leitores da Trasgo?
Que demais saber disso! Eu que agradeço por ter lido "Azul", fico muito feliz de saber que curtiu! Estou muito feliz por estar de volta à Trasgo nessa edição, só tenho a agradecer aos leitores pela recepção incrível do meu conto na primeira edição e espero que curtam também "Kanashimi"! Ah, e leiam as edições anteriores da revista, o conteúdo da Trasgo é sempre fantástico!
Onde podemos te encontrar na internet?
No meu blog papelepalavras.wordpress.com e também nas redes sociais: procurem por "Karen Alvares" no Facebook, e no Twitter e no Instagram por @karen_alvares. Quem quiser me mandar um e-mail também será muito bem-vindo: kvs.alvares@gmail.com.
Última pergunta: agora que li Kanashimi, qual o risco de eu ver um kaiju ou um yokai quando estiver andando pelo bairro da Liberdade aqui em São Paulo da próxima vez?
Muito cuidado! Talvez Kanashimi esteja bem aí. Atrás de você. Não sei bem quanto a outros kaijus ou yokais, mas Kanashimi é um tipo diferente de kaiju; ele está sempre à espreita, em todos os lugares, todos os dias. Esteja sempre preparado, cerque-se de amigos, boas histórias e acredite em seus sonhos, estas são as melhores armas para lutar contra ele.