Entrevista: Rodrigo Rahmati

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Rodrigo Rahmati se acha um escritor, desenhista meia-boca, pretenso dançarino de folclore árabe, karateka que apanha mais do que bate, pseudo-pintor, tentou aprender diversos instrumentos musicais sem sucesso, pensa que fotografa, adora heavy metal, fantasia e ficção científica. Em resumo, maluco.

Desenhista, dançarino, karateka, pintor e fotógrafo. Como foi que a escrita se juntou a esse hall de habilidades tão diversas?

Eu sou uma criatura movida a artes! Eu comecei a me envolver com elas através do desenho – tinha começado uma história em quadrinhos (que hoje virou um capítulo do meu segundo romance), mas vi que não era bom o bastante para quadrinhos; a história em formato de roteiro tinha ficado melhor do que desenhada. Daí para tentar usar a prosa foi um pulo – e o ímpeto de escrever foi consolidado quando o escritor Leonel Caldela me deu valiosas dicas, ainda no finado Orkut. Já as outras artes foram sendo acrescentadas por motivos diversos umas das outras, mas tudo o que representa a expressão artística me interessa profundamente. Amo música também, mas não me vejo indo por esse caminho, contudo. A escrita acabou sendo a que mais me possibilita encontrar o que há de oculto na minha cachola.

Seu conto traz uma miríade de deuses de diferentes mitologias e sugere que, nesse universo, a humanidade será criada em breve. Toda essa construção de mundo foi feita apenas para esse conto ou isso faz parte de algum projeto maior?

Esse conto se passa durante a Segunda Era de um planeta conhecido como Acqua – e sim, é parte de um projeto maior. Meu primeiro romance – que será publicado em breve! – se passa na Quarta Era desse mundo, que é uma versão alternativa do nosso próprio. A Primeira Era seria então a Era dos Deuses; a Segunda a Era dos Dinossauros; a Terceira o período conhecido como A Noite dos Tempos; e a Quarta, a Era dos Homens. Existem, ainda, outros projetos, que abarcarão outros momentos dessa história, mas serão projetos futuros, depois de outras coisas mais “urgentes”.

Recentemente você teve vários contos lançados em eBook pela Editora Draco, poderia nos falar mais sobre eles?

Sim, foram cinco contos lançados de uma vez só! Já que falei sobre as Eras de Acqua, vou comentar primeiro o conto “My shadow plan”: É um conto de fantasia tecnológica, que é, na verdade, uma aventura extra dos personagens do meu primeiro romance. O conto “Nil” é uma fantasia tradicional completamente inspirada no trabalho do deus Neil Gaiman, e é o mais curto de todos. O conto de terror “Kamerorkester! é um dos meus preferidos, porque o achei bem inquietante e bem resolvido – um dos raros casos que conseguimos pôr no papel exatamente o que está em nossa cabeça. O conto “Paid in full” era para ser, também, relacionado ao romance, mas virou um conto de ficção científica completamente diferente, onde eu dou uma nova roupagem ao deslocamento temporal. Já o “Aquecimento global (Em fogo alto)” é fantasia, mas tem uma pegada de comédia bem forte, e é inspirado pelos mestres do humor inglês, da literatura e da televisão.

O que você tem na gaveta e quais os projetos futuros em que está trabalhando?

Além do romance pronto para publicação, estou terminando sua continuação única, que dá fim à história. Estou trabalhando também num romance realista, sobre um fotógrafo; num outro livro de fantasia, inspirado em música; em vários contos ao mesmo tempo; e, por último mas não menos importante, numa novela que deverá sair numa coletânea vindoura muito interessante – mas da qual não posso falar muito :)

Seu conto me parece uma fantasia com um pitada de ficção científica, como você trabalha com esses gêneros? Você acha que é possível obter resultados interessantes dessa mistura?

Uma das histórias que mais me cativou na vida foi a do game Final fantasy VII, complementada pelo filme Advent children. Achei incrível aquela atmosfera, onde magias e monstros folclóricos contrastavam com celulares e aparatos tecnológicos – posso dizer até que foi isso o que me motivou a criar o mundo de Acqua. Meu romance vindouro tem mais ainda dessa mistura, descaradamente mesmo, e os leitores beta dele tiveram dificuldades em categorizá-lo em um ou outro gênero. Isso muito me alegra! Acho cativantes as histórias que mesclam ambos.

Quais são suas maiores influências literárias e como você se utiliza delas em seu processo criativo?

Sem sombra de dúvidas são Neil Gaiman, Stephen King, Ray Bradbury, Terry Pratchett, Haruki Murakami e, por que não?, Leonel Caldela. Neil Gaiman me mostrou o que é, de fato, criar uma história, uma atmosfera, uma magia através do texto. Stephen King me ensinou a usar nosso mundo como base, e como o realismo brutal deixa as coisas mais tensas – além de criar personagens tão reais que você pensa que pode encontrar na padaria da esquina. Ray Bradbury me ensinou como usar a melancolia como ferramenta poderosa. Terry Pratchett me ensinou a criticar o mundo através do humor, e Haruki Murakami me mostrou que pode-se pegar tudo isso que já foi feito e chacoalhar tudo num liquidificador e ainda acrescentar mais uma pitada de estranheza – e criar sua história assim mesmo… porque sim. E sem a força de Leonel Caldela eu talvez não tivesse chegado aqui.

Quais os meios para que os leitores conheçam mais sobre você e sua obra?

O melhor meio para encontrar tudo o que eu já fiz é no meu blog, rahmati.com.br; tem tudo linkado lá. Eu tenho ainda uma coluna no site Monomaníacos (monomaniacos.com.br/coluna/orecortedodetalhe/) onde uso bons e maus exemplos de textos publicados para dar dicas de escrita. E para achar meus contos, é só pesquisar pelo meu nome na Amazon, Cultura, Saraiva, Apple ou Google Livros.

Author: Lucas Ferraz

Lucas Ferraz é um Consutor de TI que se meteu a escrever e não parou mais. Participa dos podcasts CabulosoCast e Papo Lendário, sobre literatura e mitologia respectivamente. Escreve crônicas e edita os contos do Leitor Cabuloso e participa da Trasgo como revisor lucasferraz.com | @ferraz_lucas

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