Entrevista: Thiago Rosa

Thiago Rosa está sempre inventando novas histórias. Algumas delas acabam sendo jogos, também. Na maior parte do tempo ele se encontra atrás de um teclado, olhando para uma tela em branco enquanto o desespero se espalha lentamente por todos os níveis do seu ser. Quando isso não acontece, ele rola dados poliédricos para inventar histórias de outro jeito, lê muitos quadrinhos e livros, assiste jogos do Fluminense e toma cerveja de trigo.

"Trivela" é um conto curto mas que fica na memória depois de lido. De onde surgiu a ideia?

Eu trabalhava em uma sonda de petróleo com muitos americanos. Para eles, o nosso futebol parecia uma coisa de outro mundo. Um dia me peguei pensando como seria um futebol que fosse literalmente de outro mundo.

Como foi trabalhar com o desenvolvimento de personagem num conto tão curto?

Foi uma experiência bem interessante. Inicialmente achei que seria muito difícil, mas fluiu com bastante naturalidade.

O começo do conto coloca a mente do leitor em suspense e meio que faz ele olhar para a direita enquanto você, autor, aproxima-se com a história pela esquerda. É um começo de conto muito rico em função disso. Como é sua rotina de escrita, e como você desenvolve suas habilidades?

A maior parte do que eu escrevo são aventuras e cenários de RPG, às vezes em inglês. Então frequentemente o que eu escrevo precisa apresentar os detalhes de uma história e de seus personagens, mas deixar muito espaço para que o leitor complemente com suas próprias ideias. Na época que escrevi o primeiro rascunho de Trivela, eu escrevia muita flash fiction e me envolvi na comunidade de literatura do DeviantArt, trocando muitas experiências e dicas com o pessoal de lá. Hoje em dia eu tento só escrever dentro dos prazos, reescrever enquanto peço extensão dos prazos e torcer para dar certo. Por enquanto funciona!

Quais são suas influências literárias? Algum livro que queira recomendar aos leitores da Trasgo?

Minhas principais influências são três autores brasileiros – JM Trevisan, Henrique Loyola e Leonel Caldela. Ainda criança, os textos do Trevisan fizeram com que eu me interessasse em escrever os meus. A partir daí conheci o estilo do Henrique Loyola online através de fanfictions de Sailor Moon que ele escrevia. Já mais velho, amadureci meu estilo por influência do Leonel Caldela. Depois da Trilogia Tormenta dele passei a me interessar muito por esse estilo mais moderno de fantasia medieval; devorei Joe Abercrombie, Scott Lynch, Peter V. Brett e (claro) Rothfuss e GRRM. Recomendar um livro só é sempre uma tortura, mas acho que “O Crânio e O Corvo”, do Leonel Caldela, é algo que todos deveriam ler.

O que te inspirou a começar a escrever? Futebol teve alguma relação com isso?

Minha família tem uma relação forte com a palavra escrita. Meu avô era compositor de samba e poeta. Meus pais fizeram Letras, eu fiz Letras depois na mesma faculdade, meu pai é escritor e jornalista. Acho que não tinha muita escapatória. O que me fez escrever mais do que redação de escola foi sentir uma conexão forte com o estilo dos contos que o Trevisan escrevia para a Dragão Brasil. Não teve muito a ver com futebol; só passei a gostar do esporte depois de velho.

No que você está trabalhando ultimamente e onde podemos encontrar você e seu trabalho na internet? Use este espaço para compartilhar qualquer outra coisa com os leitores da Trasgo também.

Atualmente estou escrevendo um RPG sobre mangás seinen de ação. O nome é Karyu Densetsu e temos uma página no Facebook (fb.com/karyudensetsu] explicando alguns detalhes.Também estou escrevendo um conto de fantasia medieval ambientado em Arton, o mesmo mundo de O Crânio e O Corvo, sobre o qual nunca havia falado com ninguém (até agora). Também escrevo para o RPG Notícias (rpgnoticias.com.br), faço as Notícias do Bardo na Dragão Brasil (apoia.se/dragaobrasil) e tenho alguns trabalhos (em inglês) no DriveThruRPG (drivethrurpg.com) e na DM’s Guild (dmsguild.com).

Author: Enrico Tuosto

Enrico Tuosto é escritor, revisor da Trasgo e rockstar fracassado. Também cuida das redes sociais e da newsletter da revista, mas o que ele gosta mesmo de fazer é jogar RPG. enricotuosto.tumblr.com/writing

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