Ana Lúcia Merege é carioca e trabalha na Biblioteca Nacional. É autora de artigos, de contos, do ensaio “Os Contos de Fadas”, dos romances “O Caçador”, “Pão e Arte”, “O Castelo das Águias” e “A Ilha dos Ossos”. Organizou, entre outras, a coletânea “Excalibur” e é co-organizadora de “Meu Amor é um Sobrevivente”, “Bestiário” e “Bestiário: outras criaturas”.
Seu conto tem um tom bastante romântico no início, que trabalha muito bem as entrelinhas para mostrar a situação real. Quais as suas referências neste sentido?
Acho que isso vem na tradição de uma vertente da literatura de terror, que trabalha com o psicológico e principalmente com a ideia do horror que pode se esconder nas coisas do cotidiano, na rotina, no que achamos que é inofensivo e está sob controle. Era o que o professor pensava de sua vida e de sua esposa, até que… :)
No conto, todas as personagens têm nomes próprios, até Snowball e Pennington, menos o professor. Por que esta escolha?
A ideia é mostrar o quanto ele é metódico a ponto de não ter uma identidade. A rotina e a profissão meio que substituíram o ser humano peculiar que ele poderia ter sido, assim ele não é John ou Peter, mas sim o chato e previsível “professor”.
Achei o final do conto surpreendente, não o vi chegando. De onde surgiu o “Rosas”?
A primeira cena que me veio à cabeça foi da transa metódica do casal. O resto foi se organizando em torno disso: uma rotina que não varia, que sufoca e que dá margem a uma grande explosão devido ao acúmulo de frustrações.
Você está lançando novos contos e um livro que expandem o universo de “Castelo das Águias”, que acredito ser seu romance mais popular. Como você se sente trabalhando na criação de seu mundo?
Poderosa! Brincadeira. Eu me sinto muito bem, acho que estou produzindo e realizando coisas legais, inclusive com mensagens bacanas. Ao mesmo tempo, não escondo que fico bem tensa com a reação do público. Mas publicar é oferecer a cara; a gente nunca sabe se vem um tapa ou um afago. E o pior é quando nada vem!
Além de escrever seus romances, participar em antologias e ministrar cursos, você consegue arrumar tempo para nos brindar com seu trabalho na Trasgo e em outras revistas. Como você consegue gerenciar tudo isso?
Só os deuses têm a resposta. :)
O que há na cartola para sair em breve que você pode nos adiantar?
Está saindo agora meu novo romance pela Editora Draco, “A Ilha dos Ossos”, continuação de “O Castelo das Águias”. Tenho outros projetos a médio prazo, agora preciso é de tempo, garra e organização, além de um pouco de sorte, para levar todos eles a cabo. Ou pelo menos alguns!
Onde podemos encontrar seus livros e saber mais sobre o seu trabalho?
A Estante Mágica é meu blog, onde publico novidades e algumas crônicas. Também tenho uma página sobre O Castelo das Águias com mais informações sobre o livro e seu universo.
Essa área de entrevistas é ótima! É muito interessante para um escritor amador ter uma ideia de como funciona a cabeça de escritores.
Gostei muito da ideia do “professor” sem nome e achei interessante o conto ter se formado em torno de uma cena com impacto; é como eu faço alguns dos meus contos.