Entrevista: Gabriele Diniz

gabrieleGabriele Gomes Diniz já quis fazer de tudo um pouco. Hoje é técnica de nível médio em Química e se restringe a cursar Bacharelado na mesma área, praticar poledance e escrever. Depende de cochilos da tarde para funcionar em sociedade desde que adquiriu problemas de saúde crônicos. Seus principais hobbies são reclamar, sonhar do que seria de sua vida se tivesse sido bailarina profissional e perder tempo escrevendo fanfiction.

Zahra, a protagonista de Vidas Dispensáveis, possui uma personalidade bem forte que é demonstrada tanto nas descrições das cenas quanto nas ações dela ao decorrer do texto. Como é escrever uma personagem de voz forte e ao mesmo tempo apresentar seu lado sensível?

Todas as pessoas tem as suas próprias forças e sensibilidades. Gosto de pensar em meus personagens dessa maneira, também. Escrevê-los fortes e ao mesmo tempo, sensíveis, é apenas uma extensão natural de como eu os construo. Zahra é apenas menos óbvia sobre isso para os que não podem ler o que ela está pensando.

O conto se passa num universo que parece ser muito mais profundo do que a história exige revelar. Existem mais histórias suas nesse universo ou ideias de desenvolvê-lo ainda mais?

Existe sim. É o mesmo universo do primeiro romance que escrevi e cenário de mais dois romances ainda em estágio de planejamento. Nenhum dos três está perto de ver a luz do dia, mas o objetivo é que isso aconteça, eventualmente.

Inteligências artificiais fugindo do controle humano é um conceito que está sempre presente no imaginário da ficção científica. No seu conto, a inteligência artificial foi desenvolvida de uma forma quase caseira – uma única pessoa envolvida na concepção e criação da inteligência. Eu nunca tinha imaginado esta situação numa escala tão pequena: é assustador pensar que esse tipo de coisa pode acontecer no futuro, e no porão da casa do vizinho. De onde veio essa ideia?

É uma consequência natural do avanço da tecnologia disponível para uso comum. Conheço várias pessoas capazes de fazer o que eu julgaria impossível com ferramentas às quais eu tenho acesso todos os dias; apenas extrapolei esse fenômeno para alguns séculos no futuro.

Como é seu processo criativo?

Começa com uma personagem, alguém cuja história eu desejo contar. Apesar disso, histórias profundamente psicológicas tendem a me entediar durante a escrita, então perco bastante tempo construindo um pano de fundo que traga consequências palpáveis, expanda essa narrativa para um nível além do pessoal e faça um elo com a atualidade.

E o que mais te inspira? Livros, músicas, filmes, a própria vida, ou algo diferente? Nos diga quais são suas principais referências.

Boa parte das minhas ideias surge da indignação com a pobreza das mídias que eu gosto de consumir, ou seja, qualquer coisa relacionada à fantasia e ficção científica. Vários tópicos passam batido e/ou são mal abordados nesse meio. Escrever é uma maneira de tomar nas minhas mãos a responsabilidade de criar o que desejo ler. Por isso, livros e games de fantasia e ficção científica me inspiram muito, mesmo que seja para fazer o contrário. Para além disso, acompanho as notícias, leio livros de não-ficção e me educo sobre questões contemporâneas.

No que você tem trabalhado ultimamente e onde os leitores da Trasgo podem te encontrar e conhecer mais sobre seu trabalho?

Eu mantenho o blog Usina de Universos. Em breve deverá ser um site completo e melhor organizado. Estou trabalhando em revisar os textos antigos e construir o blog em um domínio próprio: usinadeuniversos.com

Se você pudesse desenvolver sua própria OmniS, qual seria a função dela?

Fazer todas as minhas ligações por mim.

Última pergunta: você puniria Zahra pelo que ela fez?

Puniria Zahra por criar um software de plágio e invasão de privacidade. Não sei se a puniria pelas ações da OmniS, mas admito minha parcialidade quanto à isso.

Author: Enrico Tuosto

Enrico Tuosto é escritor, revisor da Trasgo e rockstar fracassado. Também cuida das redes sociais e da newsletter da revista, mas o que ele gosta mesmo de fazer é jogar RPG. enricotuosto.tumblr.com/writing

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