Isa Prospero nasceu em Piracicaba e mora em São Paulo. Escreve no blog literário Sem Serifa, é coautora do romance juvenil “Volto quando puder” (2016) e publicou histórias de ficção especulativa na antologia Mitografias, na Superinteressante e na revista The Fantasist, entre outros.
Em geral, quando a ficção científica aborda o tema das Inteligências Artificiais, utiliza-se do trope das formas humanoides. Por que você decidiu falar sobre uma IA animal?
A ideia do conto surgiu da primeira frase. Como seria dita por uma criança, logo pensei que a narradora pudesse estar falando de um animal. Gostei de combinar a inocência desses dois personagens.
Também amo cães (deu para notar?) e achei divertido responder à pergunta: o que alguém pensaria de um cachorro, se nunca tivesse visto um? No mundo estéril de LM-246, não há muito lugar para uma criatura como Nabu, mas as crianças se afeiçoam a ele sem considerações utilitárias.
Quais foram as suas principais influências e inspirações para construir a história de Sebo e Nabu?
Na época em que tive a ideia, estava traduzindo um livro de Star Wars e fazendo uma maratona de Star Trek. Ambos com certeza me levaram a pegar a ideia inicial de falar de uma IA e desenvolvê-la em um planeta distante no tempo e no espaço. Quanto ao próprio Nabu, é muito inspirado em minha cachorra, que nos faz companhia há 15 anos.
Quanto às suas influências literárias, quais seriam aquelas que você considera essenciais?
Pensar em influências diretas é um pouco difícil. Posso dizer que Brandon Sanderson é um cara que me influencia demais, não só por suas obras, mas também pelo trabalho no podcast Writing Excuses, onde aprendi muito sobre escrita.
Além dele, vou citar alguns dos meus autores preferidos, sem saber em que medida surgem em minha escrita: Jane Austen, Susanna Clarke, Carlos Ruiz Zafón, Bernard Cornwell, Madeline Miller, Ann Leckie. E tantos outros!
Você segue algum processo de escrita? Foi o mesmo utilizado para construir Nabu ou houve alguma diferença?
Meu processo geralmente envolve ter uma ideia e combiná-la com ideias que tive há semanas, meses ou até anos antes. Estou sempre recuperando inspirações antigas.
Com Nabu foi um pouco diferente. Como disse, o conto surgiu da primeira frase – que apareceu sem contexto na minha cabeça um dia. Comecei a pensar em um narrador que pudesse dizê-la e no mundo em que habitava. Desenvolvi a premissa em um dia (sempre monto um roteiro antes de começar) e escrevi o primeiro rascunho em outro. Depois ele passou por várias revisões, claro, mas essa rapidez foi bem incomum! Esse é um dos motivos pelos quais gosto tanto do conto: de tudo que já escrevi, foi a história que se encaixou mais depressa. Me diverti muito com ela.
Se você pudesse ter um arti-animal, qual seria? Por quê?
Provavelmente um cão também – a minha mora em outra cidade, e sinto falta de um cachorro por perto!
Você está trabalhando em outros projetos no momento? O que podemos esperar? Fique à vontade para utilizar esse espaço para deixar sua mensagem aos leitores da Trasgo.
Estou desenvolvendo algumas ideias de novela (ou romance?) sem previsão de término, mas enquanto isso recomendo alguns trabalhos publicados: tenho uma noveleta de fantasia urbana que vai sair na segunda edição da Revista Mafagafo nos próximos meses, e uma novela de fantasia baseada na mitologia egípcia chamada The Book of the Living, publicada na revista The Fantasist e disponível no site deles. Essas e outras publicações estão listadas em meu site: isaprospero.com.
Por fim, obrigada à Trasgo pela publicação e espero que os leitores tenham gostado de Nabu. Adoraria ouvir a opinião de vocês! Podem me encontrar no Twitter em @isaprospero.