Tiago Cordeiro é jornalista formado pela PUC-Rio em 2005. Aprendeu a escrever antes de saber quem era ou entender direito o que lia. Tenta jogar tudo o que escreve no site tcordeiro.com.
“Viral” traz uma abordagem curiosa para a tão trabalhada temática zumbi, via rádio. Qual a inspiração para o conto?
Uma história em quadrinhos que li há algum tempo atrás, mas não me recordo o nome. Gosto de abordagens realistas sobre temas sobrenaturais, como se tentássemos explicar racionalmente coisas que estamos acostumados a aceitar como sobrenaturais (e por isso não existiriam no nosso mundo, dito real). Fringe fazia isso muito bem. Lost fez isso bem até começar a exagerar… Fora que gosto muito de termos que abordem metalinguagem, linguagem… E basicamente o conto fala sobre uma língua que atua de forma diferente em quem a ouve, mas não tem o mesmo efeito em quem aprende a ler. É o tipo de conceito que gosto de usar.
O conto é bastante fragmentado, são várias cenas bem curtas, como um videoclip. Qual o seu objetivo com o formato?
A interpretação é livre e, se o conto for bom, muito melhor do que o objetivo original. Mas a forma mais simples de se lidar com limitação de caracteres, como em um conto, é trabalhar com a imaginação do leitor. Ao invés de tentar construir os personagens para daí partir pra ação, tentei construir a ação e construir o personagem em histórias/cenas curtas. No fim das contas, tudo o que importa é o leitor entender que os personagens mais importantes são amigos inseparáveis. Acho que isso explica tudo no conto.
Ao final do conto, apesar do sucesso, Gabriel não tem um final muito feliz. Por que esse arranjo?
É uma consequência da ordem natural das coisas. Quando algo desequilibra uma sociedade ou um ambiente, ao se equilibrar de novo há sempre seres ou pessoas que mudam definitivamente depois daquilo. Talvez seja o jeito da natureza deixar suas marcas ou o nosso jeito de lembrar que alguma coisa deu errado. Que nem sempre as coisas foram daquela forma. O Gabriel se torna uma cicatriz do ambiente da história, alguém que vai lembrar definitivamente daquele incidente. Acho tediosas as histórias onde o mundo quase acaba, mas no final o herói e todo mundo termina igualzinho.
Quais suas principais referências, autores favoritos?
Eu não consigo ter um autor ou mais que me identifique tanto assim, até porque não me considero um escritor de sci-fi, mas gosto de trabalhar com vários estilos. Adoro o Veríssimo porque gosto muito do estilo das crônicas. Neil Gaiman e Alan Moore são dois autores de quadrinhos com quem cresci. Atualmente, Mike Carey, outro autor de quadrinhos, é um cara que tem me fascinado. Na literatura propriamente dita, Terry Pratchett, da série Discworld, é um cara que adoro.
E os planos para os próximos meses? Há livros em vista, publicações?
Tenho o desejo de escrever cada vez mais esse ano e nos próximos. Concluí um livro no ano passado, mas estou naquela fase de dar um tempo para poder fazer uma segunda versão. E tenho uma ideia antiga de escrever algo com folclore brasileiro, mas sem tentar fazer algo britânico com curupiras. Espero concluir algum roteiro também. Enfim, vou precisar dormir umas cinco ou seis horas a menos, mas espero que ainda venham muito mais coisas esse ano.
Quem quiser conhecer melhor o seu trabalho, qual o caminho?
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