Moacir de Souza Filho é escritor, músico e quadrinista nas horas vagas. Com alguns contos publicados em revistas, antologias e concursos, hoje se dedica à função de editor geral no Escambau, portal dedicado a publicar e divulgar os trabalhos do coletivo cultural Escambanautas.
“Missão Verne” é um conto de Ficção Científica Hard em formato epistolar. O que o fez escolher essa estrutura narrativa?
“Missão Verne” me impôs o desafio de produzir um Sci-Fi no modelo mais clássico, sem soar ingênuo. Eu tinha muitas informações para passar e sabia que seria interessante fornecer ao leitor diversos pontos de vista sobre a situação, desde a empolgação dos desbravadores até o choque com a descoberta. Além disso, o formato de gravações, como num relatório, seria fundamental para o fechamento do conto.
O conto é recheado, desde o título, de referências a autores e obras de ficção científica. Quais são suas principais influências e como você se envolveu com o gênero?
Apesar de não escrever tanto Sci-Fi quanto gostaria, sou um grande fã do gênero. Meu primeiro contato, ainda moleque, foi lendo Arthur C. Clarke, os excelentes contos de “O Vento Solar”, e “Duna”, de Frank Herbert, até hoje um dos meus livros preferidos. Gosto bastante de ler material de autores nacionais, desde os clássicos, como o Jerônymo Monteiro, até os mais recentes, dentre os quais destaco Fábio Fernandes, com o ótimo cyberpunk “Os Dias da Peste”. Graças a revistas como a Trasgo e a Somnium (publicação do CLFC – Clube de Leitores de Ficção Científica), tenho conhecido novos autores, como a Lady Sybylla, que venho acompanhando com entusiasmo.
No conto observamos trechos em binário e trechos de código que são um adendo interessante aos olhos mais atentos. Você possui conhecimentos técnicos nessa área ou pesquisou especificamente para esse trabalho?
Não sou nenhum especialista, mas tenho alguma experiência com programação. Lógico que tive que pesquisar um pouco, mas esse é um conhecimento bastante acessível hoje.
Você é membro fundador do Grupo Escambau de Criação Literária. Nos conte um pouco sobre esse trabalho.
O Escambau surgiu como um projeto em conjunto com meus amigos e escritores Wilson Júnior, Tamires Branu e Michel Euclides, todos aqui do Ceará. Queríamos incentivar-nos mutuamente e desenvolver nossa escrita, uma vez que oficinas literárias ainda são raras em Fortaleza. O grupo começou a crescer com indicação de amigos, e de repente já éramos trezentos escambanautas, como gostamos de nos definir. Hoje, além de literatura, tratamos de cinema, música, quadrinhos, feminismo, representatividade e, bem, e o escambau. Temos um desafio de microcontos diário, o #microcontoescambau, onde uma palavra é selecionada aleatoriamente e todos produzem um texto de até 300 caracteres usando-a como tema. Mantemos também um site com colunas e trabalhos inéditos do grupo (escambau.org) e uma fanpage (fb.com/cambaface). Estamos abertos a todos os que se interessarem em aprender e dividir suas experiências, basta procurar o grupo Escambanautas no Facebook.
Nos fale sobre sua produção: o que você tem lançado e se está trabalhando em algo que possa nos adiantar.
No momento estou imerso no Escambau, escrevendo e editando. Porém, também estou trabalhando em uma noveleta de fantasia em cinco partes para o portal de literatura fantástica INtocados, intitulada “O Vilarejo Circular”. Lançamos o terceiro capítulo ainda em 2015, mas este mês sairá o quarto. ( intocados.com/index.php/literatura/contos-intocados/757-contos-intocados-sombra-e-luz-o-vilarejo-circular-3-moacir-de-souza-filho)
Quais os caminhos para os leitores que gostaram de seu conto saberem mais sobre sua obra?
Talvez os leitores de “Missão Verne” se decepcionem um pouco comigo, pois raramente escrevo Sci-Fi. Meus trabalhos se concentram na fantasia, ainda que eu não me sinta preso a nenhum gênero específico. Costumo publicar gratuitamente no próprio Escambau e no INtocados (intocados.com), mas também tenho trabalhos em revistas e antologias, os mais recentes na “Híbridos”, da Editora Buriti (editoraburiti.com.br/hibridos) e na “Revista Bacanal – vol. 3”, da Editora Nautilus (editoranautilus.com.br/bacanalv3). Tenho ainda um blog de tirinhas que pretendo ressuscitar (tiranicas.com.br). Quem quiser acompanhar tudo isso pode me seguir no Twitter (@moacirmsf) ou no Facebook (fb.com/moacir.msf).