Victor Bertazzo nasceu em São Paulo, Capital, no dia 11 de novembro de 1993. Pretende cursar jornalismo, está atualmente trabalhando como agente de atendimento em callcenter, e seu sonho é conseguir trabalhar apenas produzindo conteúdo. Tem três contos publicados pela Andross Editora: “Cigano”, na antologia Névoa; “A Morte da Grande Besta” e “O Conto do Astronauta”, na antologia Utopia.
“O Delírios Atômicos do Professor Freund” traz imagens vívidas e surreais. Como foi o processo de criá-lo?
Comecei este conto como um desafio. Queria escrever algo longo e divertido, com imagens vívidas e envolventes. Meu processo criativo muda de conto para conto, e, neste caso, eu me lembro que não estava inspirado quando me sentei em frente às folhas em branco com meu lápis grafite na mão.
Então me forcei a escrever. Parei, pensei no tipo de história que eu queria contar e lembrei-me de um personagem antigo, que eu já havia usado em outro conto: o professor Freund. Foi criado em homenagem a um amigo, Leonardo Freund, professor de biologia. Era um personagem bom. O professor Freund era um inventor, um homem a frente do seu tempo, que havia feito inúmeras contribuições para a ciência e para o nosso entendimento da realidade. Foi pensando no conceito do personagem que eu tive a ideia: “e se ele enlouquecesse?”. Pareceu-me interessante que justo ele, um profundo estudioso do mecanismo que move o universo, perdesse a razão. Queria brincar com os estereótipos do cientista maluco, do gênio criativo, do artista indomável.
Depois, para criar o processo de deterioramento de sua sanidade, escolhi resgatar um outro personagem antigo: o tubarão com chapéu de festa. Este personagem surgiu como uma brincadeira, numa conversa casual entre eu e um amigo. Estávamos pensando que a loucura poderia ser fruto da maldade de uma entidade que persegue o indivíduo, que distorce o mundo ao redor da pessoa para jogá-la num labirinto maldito onde todos os caminhos levam a lugar nenhum. Ao fim desta conversa, tínhamos criado o tubarão.
O professor vai lentamente se afundando na depressão e na loucura. Quais foram as referências para esse processo de derrocada?
Não tive referências específicas, foi mais um exercício de empatia. Eu tentava imaginar a situação sob a ótica do professor, e, aos poucos, eu fui entendendo a tristeza que ele sentia ao perder a sanidade. Me inspirei levemente em “Fritzcarraldo”, e também no José Arcadio Buendía, personagem de “Cem Anos de Solidão”. Para a criação do ambiente me inspirei nos filmes do expressionismo alemão, onde a distorção do cenário refletia o psicológico dos personagens.
E de modo mais geral, quais os seus autores favoritos e referências literárias?
José Saramago e Gabriel García Márquez. José Saramago foi o escritor que me fez escritor, enquanto García Márquez é minha maior influência em relação ao estilo. Sem dúvida, hoje eu não seria escritor se não fosse por esses dois autores.
Como é o seu processo criativo?
Alguns contos caem em minha cabeça como um raio, eu preciso escrevê-los rápido para não perdê-los. Tem outros que precisam de muito trabalho para sair, concebidos após horas e horas encarando o papel em branco. Às vezes tenho a ideia para o final e construo a narrativa ao redor disso. Às vezes a ideia começa com um personagem, uma cena, uma frase. Há contos que pedem música e há contos pedem silêncio. Varia muito.
No que tem trabalhado? Há algo para sair que possa nos contar?
Este ano quero publicar uma coletânea de contos só minha, intitulada “Contos do Fim do Mundo”. Ainda não sei para onde vou enviar o original, mas isto são outros quinhentos. Por enquanto estou focando em escrever os textos.
Quais os links para aqueles que se interessarem pelo seu trabalho?
Possuo dois blogs onde posto meus textos. Os dois andam meio desatualizados, mas já estou tomando providências para corrigir este erro. Em um deles, Contos de um Bardo Embriagado (bardoembriagado.wordpress.com), eu posto textos de fantasia medieval inspirados em mundos de RPG. No outro, Rabiscos de um Delírio Sem Remédio (rabiscosdodelirio.blogspot.com.br), eu posto textos de realismo fantástico mais parecidos com Os Delírios Atômicos do Professor Freund.
Onde eu compro um tubarão com chapéu de festa?
Hahaha, estou vendendo o meu, se você quiser…