Vimala Ananda Jay é filósofa e escritora, saxofonista do Ungambikkula Tribe, autora do livro De A a Z – Uma aventura pela escrita, e idealizadora do Ateliê de Escritores.
Qual foi a fagulha inicial, as inspirações de "Revoluções"?
Gosto muito de artes visuais. Um quadro de Kopera serviu de inspiração para que eu criasse o personagem Buck. Na mesma época, estava escrevendo um artigo sobre Sartre (sou filósofa de formação) e lembrei-me do mito de Sísifo. De repente, Buck e Sísifo estavam juntos, algum coisa precisava nascer dali, larguei o artigo e escrevi o conto.
Achei fantástico o modo como você trabalhou a natureza cíclica que o conto evoca, sem atalhos fáceis, deixando a leitora se perder nas voltas do conto. Quais foram as suas referências?
Bom, Sísifo, certamente. Mas pensei em resgatar Sísifo de sua condenação, por que dar novamente um final trágico a essa história? Acho que a compaixão por Sísifo inspirou a compaixão por Buck e Jo, e fiz o círculo desenrolar-se na espiral da planta que esforça-se em direção ao Sol em seu nascimento. A ideia era essa, rs.
E falando em autoras e autores favoritos, quais são?
Cortázar, Pavitra Shakti Shankar, Espinosa, Ungambikkula, William Blake, Piazzola, Yerka, Bergson, Proust, poesia sufi, muito cinema. Não consigo pensar somente em autores, porque todas as artes são essenciais no meu processo criativo.
Como costuma escrever? Como é o seu processo criativo?
Eu sento e escrevo. E tomo café.
O que pode nos contar do Ateliê de Escritores, que você coordena?
Como eu gosto muito de escrever e de tudo o que gira em torno disso, em determinado momento comecei a dar aulas de escrita. E comecei a perceber que não importava muito o que o aluno pretendia escrever, mas sim que aquilo se tornasse tão vivo e possível para ele quanto para mim. Assim, passei a orientar essas pessoas, e continuo fazendo isso, nos ateliês de escrita criativa, nas consultorias de escrita acadêmica e até mesmo em empresas. Esse projeto está diretamente relacionado ao Ungambikkula, somos uma cooperativa cultural e artística, cujo propósito é fomentar o desenvolvimento da consciência humana. Para isso, a arte é o principal instrumento. Qualquer um pode sair transformado da experiência artística, quando escreve um romance, pinta um quadro, ou toca um instrumento. Essa transformação é o que propõe o ateliê, com práticas iniciáticas de escrita.
Há algo em que esteja trabalhando que pode nos adiantar?
Sim, um livro de contos. Um deles será Revoluções. A princípio, serão quatro ou cinco contos.
Para quem gostou do seu trabalho, onde pode encontrar mais?
No Ungambikkula (temos uma sede em Barão Geraldo, Campinas) e nos sites ungambikkula.com.br, ateliedeescritores.com.br. E, claro, serão todos bem vindos pelas redes sociais!