Entrevista: Érica Bombardi

foto_erica_bombardi

Érica Bombardi é Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Editoração (ECA-USP). De 2000 a 2011 trabalhou como coordenadora editorial na editora Autores Associados, em Campinas. Desde 2011 escreve ficção, faz freelance em edição de texto e presta consultoria em coordenação editorial.

Em 2012, publicou o livro de fantasia Além do deserto, com apoio do PROAC. Em 2013, seu conto “Antes do Fim” foi segundo colocado no Concurso Literário Prêmio Sindi-Clube de Poesia, Crônica e Conto (parceria entre Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo e Academia Paulista de Letras) e será publicado em coletânea. Mais no LinkedIn.

Em primeiro lugar, gostaria que comentasse um pouco sobre a música “Vivo, Morto o X”, de Luciano Ligabue, que inspira o conto.

Fiz uma oficina com Andrea Del Fuego, no Sesc Campinas, em que ela dizia que exercitava sua escrita com provocações visuais, como fotografia ou filme. Com base em uma foto, ela escrevia um conto. Em outra oficina, Marcelino Freire nos deu outro exercício: escrever um miniconto com base no horóscopo do dia, desses publicados em periódicos. Raimundo Carrero, em seu livro sobre a ficção, diz que ele coleciona “chamadas” de notícias populares de jornal. O ponto de partida pode ser qualquer um.

A música de Ligabue fala sobre não se ser convidado a nascer, que não podemos escolher. Então, eu pensei, não escolhemos nascer, mas a vida que levamos é consequência de nossos atos, nossas escolhas. Vivemos conforme escolhemos viver, conforme nossos princípios.

Ana me pareceu uma versão mais sádica da Morte do Sandman. Como foi criar os personagens, Ana e Guilherme de Alcântara?

Adoro Neil Gaiman. Ele é um hábil contador de histórias. A Morte, em Sandman, é a mais sensata dos irmãos, pode-se dizer que ela tem até piedade e que, ao contrário dos outros irmãos, consegue exercer suas atividades com serenidade. A morte, a meu ver, é a personagem mais equilibrada. É ela quem aconselha Sandman.

A “Ana” do conto não é serena e não é sábia. Sim, acho que ela pode ser vista como sádica. Ela pode ser fisicamente como a Morte, mas também como uma garota gótica. “Ana” parece querer apenas se divertir um pouco, sem escrúpulos.

O “Guilherme de Alcântara” é um jovem que não parou para pensar em seus princípios. Dizem que a “infância é uma guerra perdida”, acho que o passado todo o é. Não podemos mudar nossos maus ou bem feitos, e, teoricamente, eles constroem nossa personalidade. Mas, ainda assim, é nossa a escolha sobre qual caminho enveredar.

Sua escrita é bastante fluida, sem se perder em devaneios ou longas descrições. Você tem uma grande produção de textos guardada em alguma gaveta?

Tenho, sim, textos finalizados guardados. Mas também abandono muitos textos pela metade. Antes gostava de narrativas longas, mas tenho me encaminhado para um estilo mais despojado.

Seu romance de estreia, “Além do Deserto”, foi vencedor do PROAC em 2011, e muito bem avaliado em resenhas online. Pode contar um pouco mais sobre ele?

Comecei a escrever “Além do deserto” na faculdade, era um conto de duas páginas. Ao arrumar a papelada da faculdade, uns cinco anos depois, na faxina, reencontrei minha produção antiga e a reli. A partir daquele conto, comecei a imaginar uma história e, depois de rascunhá-la em esquemas, comecei a escrever. Eu escrevia cada capítulo e o enviava para minha irmã ler. Com base nos comentários dela, eu reescrevia. O processo até o fim da primeira redação foi de um ano. Enviei o livro para “leitores-beta”. Depois de mais uns quatro anos, eu coloquei o livro no edital, mas não teria feito isso se eu não estivesse em casa em licença-maternidade, com um pouco de tempo livre.

Ao ver o resultado positivo do edital, corri para terminar de uma vez o livro e, sem tempo hábil para a produção normal de uma editora, eu mesma editei o livro.

Você está trabalhando em algo que possa nos adiantar?

Sempre estou escrevendo. Acabo de escrever uma história contada a partir de cartas. Gosto muito do gênero epistolar, pois nele não há narrador, e a própria estrutura obriga a história a ter vários lapsos, imprecisões, levantar muitas dúvidas. Tenho, ainda, uma ficção científica (romanceada e leve, para jovens leitores) pronta, mas sem editora para publicá-la.

Quem quiser conhecer mais do seu trabalho, ou ver mais sobre “Além do Deserto”, quais os links?

Fiz um blogue há um tempo: ericabombardi.wordpress.com, e há o booktrailer produzido com muita competência pelo pessoal da Animar Estúdio. Tenho também uma página no facebook. O livro está à venda em algumas livrarias ou diretamente comigo (pelo e-mail alemdodeserto@gmail.com). Não coloco meus textos na internet, talvez no futuro faça um blogue com eles, ainda não sei.

Author: rodrigovk

1 thought on “Entrevista: Érica Bombardi

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *