Melissa de Sá é escritora e blogueira. Nascida em Belo Horizonte, escreve fantasia e ficção científica desde a infância. Tem publicado o livro Noites Negras de Natal e Outras Histórias em parceria com Karen Alvares e contos publicados em antologias das editoras Draco e Andross. mundomel.com.br.
A Torre e o Dragão tem uma estrutura bastante clássica do imaginário dos contos de fadas. Por que a escolha dessa estrutura, desse modelo do imaginário popular?
Sim, na verdade o que eu quis foi realmente brincar com esse clichê da princesa na torre, protegida por um dragão. Em várias histórias a princesa é totalmente passiva e o relacionamento dela com seu salvador é sempre muito rápido (o príncipe chega, salva a princesa e os dois vão embora juntos pra ser felizes para sempre). O que eu quis foi explorar o relacionamento da princesa com seu salvador e também com seu dragão, dando um enfoque diferente.
Você usa muito bem a narrativa indireta, quando um narrador em terceira pessoa acaba falando como a princesa. Isso cria um bom ritmo, como nas repetições "Tristam, Tristam" presentes no conto todo. Quais os seus autores favoritos e referências nesse sentido?
Obrigada, esse é um efeito que busco em vários textos e fico feliz em ter conseguido neste conto. Bem, quem faz isso muito bem é a canadense Margaret Atwood, uma das minhas grandes favoritas. Ela usa esse recurso de uma forma que me agrada muito. Não vou dizer que copio o estilo da Atwood, mas com certeza ela é uma grande influência. Outro nome é Stephen King, que também gosta dessas repetições.
Do meio para o fim do conto você parte para uma longa digressão, para contar a história de Tristam. Você gosta de narrativas que dão a volta ou prefere um texto dinâmico, mais direto ao ponto?
Eu acho que tudo depende do objetivo do texto. Gosto dos dois, tanto para ler quanto para escrever. Nesse conto, em especial, eu saí nessa digressão para contar a história de Tristam porque eu acho que os “salvadores” também têm sua própria história para contar e a história de Tristam foi crucial para a princesa e para o relacionamento amoroso dos dois.
Você escrevia fanfic de Harry Potter. Você considera o fanfic um caminho para a carreira literária? Em que ponto seria necessário partir para a produção autoral?
As fanfics foram essenciais para meu desenvolvimento como escritora. Eu amadureci nas fanfics, isso é fato. De certa forma, me deu mais segurança quando comecei a escrever meus próprios textos, pois eu já tinha aprendido algumas técnicas de narração, perspectiva e desenvolvimento de personagem nas fanfics. Eu parti para a produção autoral quando senti que não tinha mais para onde ir nas fanfics, eu já tinha explorado o que queria e já tinha adquirido uma “voz” para escrever. Escrever fanfic é sim um caminho para a carreira literária, mas não o único.
Você tem contos publicados pelas editoras Draco e Andross, além de uma publicação independente. Qual a vantagem de cada uma?
Publicações por editoras dão mais visibilidade e o texto é mais bem trabalhado, uma vez que há um trabalho de copidesque. Na publicação independente há mais liberdade, pois podemos publicar o que queremos, não havendo aquela preocupação com tendências ou linhas editorais. Eu diria que os dois são ótimos, minhas experiências foram positivas, e acredito que coexistem bem. Leitores que me encontraram em publicação por editoras e leram meus textos independentes e vice-versa.
Tem algum material em produção que podemos esperar para um futuro breve?
Vai sair agora em dezembro a segunda edição de Noites Negras de Natal e outras histórias (revisada e com uma super promoção), uma antologia que publiquei com a autora Karen Alvares. Ano que vem recomeçarei a trabalhar no meu romance distópico de uma forma mais criteriosa e espero poder publicá-lo. Ah, e existem contos meus aguardando publicações em antologias. Então, vocês terão notícias em breve!
Você mantém um blog literário também?
Eu tenho um blog, livrosdefantasia.com.br, que vai fazer quatro anos. Nele resenho livros de fantasia (obviamente), ficção especulativa e ficção científica, inclusive muita coisa nacional. Ele acabou se tornando um reduto para fãs do gênero, leitores e escritores. Espero ver os leitores da Trasgo por lá também!
Quem quiser conhecer melhor o seu trabalho encontra você onde?
Meu blog oficial, mundomel.com.br, sempre tem notícias do meu trabalho e links de onde encontrar as publicações. Ainda tem minha página no Facebook – facebook.com/melissadesa89 – e minha conta no twitter – [@melissadesa](http://twitter.com/melissadesa). Só adicionar!