Clara Madrigano é escritora e jornalista, finalista premiada pelo concurso de roteiros do produtor da BBC John Yorke.
“A Noiva Diminuta” tem um ar de fábula contada. Qual a história desse conto, de onde ele surgiu?
Foi um conto inspirado na história da Polegarzinha, mas obviamente joguei algumas coisas de minha preferência: fadas nada bem intencionadas e uma pitada de feminismo mágico.
Quando conversamos sobre a revisão, você comentou que “seu coração negro estava na França” quando o escreveu. Fiquei curioso sobre a escolha do cenário.
Jamais estive na França, mas a França sempre esteve comigo, de certa forma, através da leitura de tantos contos de fadas. A Polegarzinha não é um conto de origem francesa, mas a história que existia na minha cabeça, de alguma forma, combinava com o cenário. Quis prestar uma pequena homenagem a um país que tanto me deu fontes das quais beber.
Há uma preocupação interessante em fugir do sexismo comum desse tipo de história, da “princesa que encontra o seu campeão”, com a mudança de detalhes sutis, mas importantes. Quer comentar sobre isso?
A história de Polegarzinha gira em torno de uma garota diminuta forçada a ser a noiva de muitos pretendentes. No final, embora escape dos mais indesejáveis, ela acaba se casando com um príncipe das fadas, o que nunca me pareceu uma conclusão muito satisfatória. Decidi escrever sobre uma Polegarzinha que se recusa a aceitar o destino da maioria das donzelas de fábulas, e que inventa um papel novo para si mesma.
Os personagens em “A Noiva Diminuta” são bastante vivos. O que costuma vir primeiro em sua mente: enredo, cenário, personagens? Como é o seu processo criativo?
Personagens costumam nascer primeiro, ou às vezes cenários. Eles me chegam à cabeça mais ou menos prontos, e o enredo se desenvolve daí, como se eles me contassem seus segredos. Não há mágica, embora às vezes pareça. É um hábito que se formou, e penso que cada escritor tem o seu.
Como é a sua relação com a escrita?
Gosto de ficção especulativa, mas a verdade é que adoro explorar outros gêneros também. Leio um pouco de tudo, não me fecho para novas inspirações, e acho que isso contribui para que eu consiga me apaixonar tanto por um tipo de enredo, como sagas de fantasia, como por outro, como policiais mais secos e sangrentos.
Adorei seu conto “Dodge”. O que mais tem publicado por aí para nos mostrar e quais os projetos futuros que pode nos adiantar?
Adoro publicar textos gratuitos. Não quero dizer que eu não valorize meu trabalho, mas que gosto de compartilhar. Além de “Dodge” (medium.com/@makeitsuntory/dodge-8c6cc75a3453), um suspense, também acabo de colocar online outro conto, “Feitiço de Amor” (http://tinyurl.com/feiticodeamor) que segue mais para um lado weird da ficção fantástica. Eu também fui publicada pela Editora Draco em duas ocasiões: com “A toca das fadas”, um conto gratuito, e “Especial Natalino” uma novela de terror e um toque de humor negro (editoradraco.com/?s=clara+madrigano).
Para quem gostou do seu trabalho e quer conhecer mais, quais os caminhos?
Me procurem no Twitter (@makeitsuntory) e no Facebook (fb.com/maria.madrigano). Sou simpática, nunca matei ninguém, e sempre que há notícias, é por lá que posto. Pretendo publicar uma novela fantástica sobre Sherlock Holmes em algum momento do ano, portanto fiquem atentos.