movimento

 

o céu

já não sabe seus motivos

 

pouco importa a transição

quantos graus nas digitais

quem oferta quem procura

pouco importa a previsão

 

o futuro imediato

é ríspido:

 

os cavaleiros já não podem

ser contados

 

ontem

olhei para o céu

com perguntas primitivas

a fumaça preta infestou

meus ossos

e me esforço para saber

insistindo em utopias

 

até quando duram

os ligamentos se

nessa cidade

ninguém foge

 

todos esperam pelo tempo

 

ele vem fardado em decretos

bustos e estátuas e também vem

quando tudo está claro

pois vivemos sob ordem

de despejo

 

visões caem

como ameaçadas

e o céu

já não sabe seus motivos

 

mas eu

eu cheguei na fronteira

de todas as palavras:

onde tudo se conjuga só

todas as definições

se espalham

 

ontem

juntei as letras

com rebeliões consteladas

 

costurei no punho

uma tempestade negra

 

e o céu olhou de volta

respondendo

 

assim

quem sabe

Author: Jarid Arraes

Nascida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri (CE), Jarid Arraes é escritora, cordelista, poeta e autora do premiado “Redemoinho em dia quente“, vencedor do APCA de Literatura na Categoria Contos, e dos livros “Um buraco com meu nome“, “As Lendas de Dandara” e “Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis“. Atualmente vive em São Paulo (SP), onde criou o Clube da Escrita Para Mulheres e tem mais de 70 títulos publicados em Literatura de Cordel.

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