o céu
já não sabe seus motivos
pouco importa a transição
quantos graus nas digitais
quem oferta quem procura
pouco importa a previsão
o futuro imediato
é ríspido:
os cavaleiros já não podem
ser contados
ontem
olhei para o céu
com perguntas primitivas
a fumaça preta infestou
meus ossos
e me esforço para saber
insistindo em utopias
até quando duram
os ligamentos se
nessa cidade
ninguém foge
todos esperam pelo tempo
ele vem fardado em decretos
bustos e estátuas e também vem
quando tudo está claro
pois vivemos sob ordem
de despejo
visões caem
como ameaçadas
e o céu
já não sabe seus motivos
mas eu
eu cheguei na fronteira
de todas as palavras:
onde tudo se conjuga só
todas as definições
se espalham
ontem
juntei as letras
com rebeliões consteladas
costurei no punho
uma tempestade negra
e o céu olhou de volta
respondendo
assim
quem sabe